História da Arte

Tarsila do Amaral: conheça as obras da artista brasileira

Retrato de Tarsila do Amaral

Inovadora, colorida e antropofágica: essa é Tarsila do Amaral, desenhista e pintora brasileira que ajudou a estabelecer o movimento modernista no país. Amplamente conhecida por obras como Abaporu (1929) e Operários (1933), a artista plástica fez das vanguardas europeias uma inspiração para o seu estilo próprio.

Quer conhecer mais sobre Tarsila do Amaral? Então acompanhe o nosso texto e fique por dentro da vida e das principais obras dessa expoente do cubismo nacional!

Sobre Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral (1886 – 1973) nasceu em Capivari, interior do estado de São Paulo, em uma das fazendas da família. De origem abastada, viveu sua vida como herdeira de grandes propriedades rurais e seu privilégio econômico facilitou seu acesso à cultura e à educação.

Cresceu rodeada de sete irmãos e pais cultos. Aprendeu a tocar piano e a falar francês ainda na infância. Já adolescente, foi estudar na cidade de São Paulo no Colégio Nossa Senhora de Sion e, anos mais tarde, concluiu seus estudos em Barcelona. 

Foi lá que pintou seu primeiro quadro, intitulado Sagrado Coração de Jesus, com apenas 16 anos de idade. Em 1906, retorna ao Brasil e casa com um primo de sua mãe, André Teixeira Pinto, com quem tem sua única filha, Dulce. 

Apesar das queixas do marido, que não gostava de sua independência, em 1918 Tarsila passa a ter aulas de pintura de Pedro Alexandrino. É ali, também, que conhece a pintora Anita Malfatti.

Em 1920, divorcia-se de André e vai para Paris. Fica lá por dois anos aperfeiçoando seus estudos na Académie Julien e com o pintor Emile Renard. Através de cartas recebidas de Anita Malfatti, Tarsila fica sabendo da fatídica Semana da Arte Moderna, ocorrida em fevereiro de 1922 na cidade de São Paulo.

É nesse ano, também, que retorna ao Brasil e conhece alguns nomes famosos que mais tarde se reunirão, junto dela, para compor o famoso Grupo dos Cinco: Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Menotti del Picchia e a já amiga Anita Malfatti. Ela e Oswald se apaixonam e começam um relacionamento, que vai durar quase 7 anos.

É nesse período que a carreira de Tarsila do Amaral deslancha e ela se consolida como uma das maiores pintoras brasileiras. Veja abaixo informações mais detalhadas sobre o seu trabalho artístico!

Fases da arte de Tarsila do Amaral

O trabalho de Tarsila conta com mais de 270 obras e costuma ser dividido em três diferentes fases, cada uma com suas características específicas:

Fase pau-brasil

Como o próprio nome já dá alguma pista, nessa fase (que vai de 1924 a 1928) a pintura de Tarsila de Amaral tem uma temática fortemente brasileira. Junto disso, vem uma forte influência cubista.

Além de representar o Brasil, tanto o lado urbano quanto o lado rural em paisagens típicas, o uso de cores também é especial: são tons fortes e vibrantes, geralmente deixados de lado pelos academicistas da época.

Fase antropofágica

Em 1928 Tarsila presenteia o seu então marido, Oswald de Andrade, com a tela Abaporu

Essa pintura acaba se tornando uma referência para o Movimento Antropofágico, que tinha como principal argumento adentrar nas vanguardas europeias (como o cubismo e o surrealismo) a fim de degluti-las, engoli-las e ressignificar os seus conceitos principais em conceitos brasileiros.

As cores vivas continuam presentes nas obras de Tarsila, que busca misturar o cubismo com o misticismo cultural do nosso país em imagens oníricas.

Abaporu por Tarsila do Amaral
Abaporu, Tarsila do Amaral

Fase social

Em 1931, Tarsila viaja para a União Soviética e se torna mais próxima das reflexões sociais perpetuadas pela crise de 29. É a partir daí que o seu trabalho toma um tom mais reflexivo e político e suas obras exprimem o cotidiano do proletariado e os problemas decorrentes do capitalismo.

As cores se tornam mais sóbrias e acinzentadas, acentuando o pano de fundo social do período e das suas vivências.

Tarsila do Amaral e o modernismo

Em 1924, em um período que passou em Paris, ao enviar uma carta à sua família, Tarsila diz: 

“Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora da minha terra. Como agradeço poder ter passado na fazenda minha infância toda. As memórias desse tempo vão se tornando preciosas para mim. Quero, na arte, ser a garotinha da fazenda de São Bernardo, brincando com bonecas de palha, como no último quadro que estou pintando.”

É com esse sentimento em voga que Tarsila adentra (e inaugura) o modernismo no Brasil! O seu desejo é de fazer uma arte verdadeiramente brasileira, que consiga questionar o modo conservador de fazer arte, enquanto promove a cultura do país através de referências caipiras, indígenas e, claro, coloridas.

As vanguardas europeias acabam se integrando ao movimento modernista brasileiro. Primeiro, como possíveis referências. Depois, como estilos que precisam ser reconstruídos. As formas cubistas serão companheiras de Tarsila por toda a sua carreira, mesmo que estilizadas ao seu próprio gosto.

Principais obras de Tarsila do Amaral

Agora que você já sabe um pouco mais sobre a vida e as principais fases artísticas dessa artista que influencia gerações, que tal conferir algumas das suas pinturas mais representativas? Veja só!

A Negra (1923)

Destaque quando se fala em modernismo brasileiro, a tela A Negra busca retratar o mito da mulher negra na formação da população brasileira. Segundo a própria Tarsila, essa pintura foi feita a partir de relatos que a artista ouvia durante a sua infância de empregadas negras das fazendas da família. 

Essa figura quase mítica da preta corpulenta que era quem, de fato, cuidava das crianças e dos afazeres das casas brasileiras, é retratada por Tarsila através da imagem de uma mulher negra com um dos seios em evidência. É preciso lembrar que a figura da ama de leite era algo recorrente naquele período.

Autorretrato por Tarsila do Amaral
Autorretrato, Tarsila do Amaral

Autorretrato (1924)

Pintado quando Tarsila do Amaral ia e vinha da Europa, o Autorretrato parece representar uma versão cosmopolita e aristocrática de si mesma. Em outras palavras, um retrato de sua burguesia vinda de casa. Um trabalho potente que parece ao mesmo tempo reconhecer e questionar suas próprias origens e privilégios.

Abaporu (1928)

Pintado como presente para Oswald de Andrade, o Abaporu vem da língua Tupi e significa “homem que come gente”. Ícone do movimento antropofágico, a figura disforme dá ênfase aos braços e aos pés, uma possível referência à importância do trabalho braçal do povo brasileiro.

Antropofagia (1929)

Uma fusão das telas A Negra (1923) e Abaporu (1928), Antropofagia dá vida a seres primitivos que fazem parte da paisagem e estão necessariamente ligados às raízes do país. Suas peles são feitas de um ocre vermelho que, não à toa, lembra a cor da argila. 

Operários por Tarsila do Amaral
Operários, Tarsila do Amaral

Operários (1933)

Tela pintada já na fase social da artista, Operários busca representar o processo de industrialização de São Paulo. Com rostos variados e mesclados, as etnias se misturam e se acentuam, a fim de demonstrar o número expressivo (e diferente) de operários de fábricas da década de 30. 

A revolução industrial e o capitalismo no Brasil retratados por uma das maiores pintoras modernas.

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