Cartunista, ilustrador, jornalista, poeta, escritor e pintor: são muitas as facetas de Di Cavalcanti, um dos maiores expoentes do modernismo brasileiro.
Conhecido sobretudo por suas obras com temas populares da cultura brasileira, foi de preso político a exilado, de estudante de direito a pintor reconhecido internacionalmente.
Vamos descobrir mais sobre a vida e a obra do carioca Di Cavalcanti? Venha com a gente e fique por dentro das suas influências artísticas e do seu envolvimento com a Semana de Arte Moderna de 22!
Quem foi Di Cavalcanti?
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo – mais tarde conhecido apenas como Di Cavalcanti – nasceu no dia 06 de setembro de 1897 na cidade do Rio de Janeiro.
Filho de Rosalia de Sena e Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque, começou com apenas 11 anos a frequentar aulas de pintura.
Ainda na sua adolescência, publicou na Revista Fon-Fon, onde mais tarde passou a trabalhar como ilustrador e cartunista.
Em 1916, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Foi também nesse período que conheceu os irmãos Oswald e Mário de Andrade, outros importantes nomes do Modernismo.
A partir daí, sua vida artística não teve mais pausa. Em 1917 fez sua primeira exposição individual e passou a ser requisitado também como ilustrador de livros de ficção.
Em 1922, idealizou e participou da Semana de Arte Moderna, evento que iniciou uma nova fase artística no país.
Em 1928, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Em 1932, junto dos amigos Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM). A CAM se intitulava uma associação independente de artistas que, juntos, queriam fomentar a arte e suas discussões artísticas.
Nesse mesmo ano, Di é preso no contexto da Revolução Constitucionalista. Três anos mais tarde, em 1935, ocorre a sua segunda prisão. O motivo? Um suposto envolvimento com o comunismo, já que o artista era filiado ao PCB. Como resposta à perseguição política, ele se muda para a Europa, onde vive por cinco anos.
É no seu período de exílio que conhece artistas como Matisse, Picasso e Léger. Também é nesses anos que expõe em diversas galerias internacionais e viaja pela Argentina e pelo México.
De volta ao Brasil, expõe na I Bienal de Arte de São Paulo. Dois anos mais tarde, em 1953, é laureado como melhor pintor nacional na II Bienal.
Nas últimas duas décadas da sua vida, foi homenageado em diversos lugares, como no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e na Bienal Interamericana do México.
Di Cavalcanti faleceu na sua cidade de origem em 26 de outubro de 1976.
Inspirações artísticas de Di Cavalcanti
Como participante do movimento modernista brasileiro que se iniciou na década de 20 do século passado e foi se consolidando nas seguintes, Di Cavalcanti era avesso ao academismo artístico e ao abstracionismo. Sua ideia era fazer uma arte que dialogasse com as temáticas características do nosso país.
É assim que suas pinturas coloridas retratam imagens representativas do cotidiano popular, como a alegria do carnaval, o dia a dia dos operários, a vida nas favelas e a sensualidade das mulheres brasileiras, chamadas popularmente de “mulatas” – esse último tópico, inclusive, rendeu algum debate nos últimos anos.
Essa busca por uma identidade nacional através das suas pinturas foi fortemente influenciada pelo expressionismo alemão, pelo cubismo, pelo surrealismo e por artistas como Pablo Picasso, George Braque e Diego Rivera (famoso muralista mexicano e marido de Frida Kahlo).
Di Cavalcanti e a Semana de Arte Moderna
No ano de 1919, Di ilustrou um livro de Manuel Bandeira chamado “O Carnaval”. Um ano depois, acabou se casando com Maria, prima de Bandeira.
Ao entrar para o círculo social da família e ao expor suas primeiras pinturas em São Paulo, aproximou-se de nomes decisivos na idealização da Semana de Arte Moderna.
Foi Di quem elaborou a capa do catálogo do evento, além de expor onze obras suas no hall do Teatro Municipal de São Paulo.
Principais obras do artista
As obras de Di Cavalcanti são conhecidas pelas suas cores vibrantes e sua temática bem brasileira, por vezes quase caricata. Vamos conhecer algumas delas?
Samba (1925)
Talvez a pintura mais importante do artista, Samba (1925) foi uma das primeiras obras pintadas por Di Cavalcanti depois da sua estadia na Europa.
Com traços vanguardistas, a pintura apresenta duas mulheres participando do que parece ser uma roda de samba.
Com muita pele à mostra e roupas em tons vivos, a obra exala tropicalidade. Ao fundo, um homem toca um cavaquinho enquanto o outro, dança.
Com formas volumosas e simples, a pintura evoca movimento e parece tanto reverenciar a cultura brasileira quanto fazer uma crítica à realidade social do país.
Samba fazia parte do acervo particular do galerista e colecionador Jean Boghici. Em 2012 um incêndio atingiu seu apartamento e várias obras foram danificadas ou perdidas, incluindo essa grande joia do patrimônio nacional.
Cinco Moças de Guaratinguetá (1930)
Com fortes contrastes cromáticos em clara influência cubista, a obra Cinco Moças de Guaratinguetá retrata cinco mulheres em diferentes planos.
Coloridas e vestindo chapéus, elas parecem observar o espectador enquanto relaxam na frente de uma casa.
Em 1974, a pintura tornou-se selo comercializado pelos correios. Atualmente, a obra encontra-se no acervo do Masp, em São Paulo.
Baile Popular (1972)
Criada na última década de vida de Di Cavalcanti, a pintura Baile Popular traz mais uma vez as cores de um país tropical aliadas à música e à dança.
Na tela, as pessoas dançam e fazem música no que parece ser um evento popular de rua.
Seu desejo de esculpir uma identidade brasileira através de temáticas particulares do país seguiu até os últimos anos da sua vida e da sua produção artística.
Celebrar o Brasil com toques modernistas
Emiliano Di Cavalcanti soube retratar a cultura e os costumes do Brasil da sua época como poucos.
Com cores fortes e personagens suntuosos, o pintor bebeu da fonte de vanguarda europeia e trouxe para o Brasil um novo modo de fazer arte. Não é à toa que seu estilo ajudou a inaugurar o modernismo no país.
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Categorias: História da Arte