Frida Kahlo: das raízes mexicanas à cultura pop

Colorida, com um ar sóbrio, dona de grossas sobrancelhas pretas, mexicana e artista. Frida Kahlo não passou e ainda não passa pelos olhos do público sem chamar atenção com sua inconfundível e marcante presença.

Quer conhecer mais da obra e da vida dessa artista que acabou virando um ícone da cultura pop nas últimas décadas? Então acompanhe o nosso texto e se deixe contagiar pela história de Frida Kahlo!

Sobre Frida Kahlo

Nascida em 6 de julho de 1907 na cidade de Coyoacán, no México, Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón fez história no mundo da arte ao misturar vida pessoal, feminismo e muitas cores. Filha da revolução mexicana de 1910, fez da cultura popular do país a sua assinatura.

Sua infância foi marcada pela poliomielite. Aos seis anos, a doença deixou sequelas permanentes em uma de suas pernas. Como forma de superar as limitações impostas pela enfermidade, Frida passou a praticar esportes considerados masculinos (como futebol e lutas).

Também foi por causa da poliomielite que seu jeito único de se vestir surgiu: as saias chamativas e longas cobriam suas pernas e a ajudavam a esquecer da doença. Com dezoito anos, outra infelicidade se abateu sobre Frida: um grave acidente de trânsito a colocou de cama por muito tempo. Foi aí que Frida Kahlo descobriu a pintura.

Em 1929, com apenas 22 anos, casa-se com Diego Rivera, muralista mexicano que conheceu durante sua formação na Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México. Mesmo com um relacionamento conturbado, marcado pelas infidelidades de Diego, passaram a vida juntos. 

Em 1950, Frida Kahlo se viu obrigada a amputar a perna e passou a ser acometida por crises severas de depressão. Quatro anos mais tarde, em 1954, morre em decorrência de uma pneumonia.

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Inspirações e influências de Frida Kahlo

Neta e filha de fotógrafos, a inspiração inicial de Frida para as artes começou em casa. Na fotografia, via uma maneira de dar visibilidade ao mundo que a rodeava. Na sua juventude se aproximou de pessoas ligadas às Artes e à Filosofia ao frequentar a Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México.

Apesar do relacionamento marcado por altos e baixos e idas e vindas, é inegável que Diego Rivera e a relação de ambos tiveram uma forte influência nas pinturas de Frida. Como ela mesmo gostava de pontuar: “Nunca pintei sonhos. Pintava a própria realidade”. 

Era retratando seu casamento falho, sua dificuldade em ter filhos, sua vida marcada pelas sequelas do acidente que sofreu na juventude e pela poliomielite da sua infância que Frida criou uma obra com estilo próprio. Curar as feridas de sua vida através da expressão artística foi o que lhe restou e lhe moveu.

Para além dos acontecimentos e das relações pessoais, a maior inspiração de Frida em seu trabalho vem do seu país, o México. Foi graças às raízes mexicanas, à sua cultura popular colorida e irreverente e ao folclore indígena que as pinturas de Kahlo ganharam a dimensão mundial que nos encanta até hoje.

Frida Kahlo e o surrealismo

Em 1938, André Breton – poeta e teórico do surrealismo – visitou o México e não teve dúvidas ao declarar que “este é o país mais surrealista do mundo”. Nesta mesma viagem, Breton conheceu o trabalho de Frida Kahlo e se encantou com sua pintura pessoalista e cheia de traços da cultura popular. Para ele, Frida era uma das expoentes do surrealismo não europeu.

Apesar disso, Frida não gostava desse título e nunca se considerou uma surrealista. É inegável, entretanto, que suas pinturas quebravam os valores tradicionais e buscavam expressar, através de diferentes meios e técnicas, a nova realidade do mundo das artes.

Entre as características de suas obras que casavam com as características do movimento surrealista, podemos destacar as seguintes:

• Contestação dos padrões estéticos vigentes;
• Uso de elementos abstratos;
• Valorização da imaginação, da fantasia, do onírico e do inconsciente;
• Figuras disformes e imprevisíveis;
• Valorização de cenas espontâneas.

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Obras de Frida Kahlo

As pinturas de Frida retratavam, sobretudo, momentos importantes de sua vida. No mais das vezes, momentos dolorosos. Para ela, pintar era buscar um tipo especial de cura. Entre as suas obras mais famosas, destacamos três. Confira!

Frieda e Diego Rivera (1931)

Neste retrato de Frida Kahlo e seu marido, Diego Rivera, vemos uma clara distinção de papéis entre os dois. Diego, imponente e vestido socialmente, e Frida, com suas roupas tradicionalmente mexicanas e uma tez mais amuada, desempenhando seu papel social de boa esposa.

As Duas Fridas (1939)

Uma tela cheia de significados, As Duas Fridas é um autorretrato duplo onde duas Kahlo encaram o espectador e se distinguem sobretudo por causa de seus vestidos distintos (um europeu, o outro mexicano). Conectadas por uma artéria que liga o coração exposto de uma com o coração exposto de outra, elas dão as mãos.

A dualidade é a palavra chave desta obra. Frida se vê constantemente dividida e analisada pelos seus opostos: suas heranças genéticas europeias e sua identidade mexicana. 

A Coluna Partida (1944)

Solidão, dor e sofrimento. Pintada logo após Frida realizar mais uma entre tantas cirurgias para corrigir problemas decorrentes do acidente de trânsito de sua juventude, na tela A Coluna Partida temos um autorretrato onde o tronco nu da artista se divide ao meio e seu corpo é sustentado por uma coluna grega fraturada.

Com o corpo coberto de pregos, sua dor é visível através das lágrimas que escorrem pelo seu rosto. Na região do coração, um prego maior, em destaque, enfatiza que seu sofrimento principal não é físico, mas emocional.

Legado de Frida Kahlo para a arte e cultura pop

Apesar de não ter sido uma artista muito reconhecida em vida e tendo passado anos escondida atrás da personalidade forte do marido Diego Rivera, Frida Kahlo deixou um imenso legado cultural. Nas últimas 50 décadas, seu nome e suas obras vêm sendo reconhecidas e admiradas por multidões.

Suas pinturas cheias de referências populares e seu estilo colorido fizeram de Frida Kahlo uma influência importante para a cultura pop. Não é incomum encontrar objetos diversos (como almofadas, camisetas e canecas) estampando seu rosto forte e singular, uma das expressões do movimento feminista das últimas gerações.

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Categorias: História da Arte