História da Arte

Anita Malfatti: saiba mais sobre a multiartista brasileira

Anita Malfatti: saiba mais sobre a multiartista brasileira

Um pouco cubista, um pouco expressionista e muito moderna: Anita Malfatti ajudou a concretizar a Semana de Arte de 22 com suas pinturas que rompiam com o academismo das artes plásticas tradicionais. Com pinceladas agressivas, cores fortes e figuras humanas distorcidas, a artista fez história.

Vamos descobrir um pouco mais da vida dessa artista plástica? Fique com a gente e conheça a história, as influências e as principais obras de Anita Malfatti, a modernista que ajudou a reinventar a arte brasileira.

Quem foi Anita Malfatti?

Nascida na cidade de São Paulo no ano de 1889, Anita Catarina Malfatti tinha pais estrangeiros: sua mãe era norte-americana e seu pai, italiano. Durante toda a sua formação educacional, teve acesso às melhores escolas e círculos culturais. Aos 19 anos já era formada professora pelo Colégio Mackenzie.

Anita nasceu com uma atrofia no braço direito. A família buscou tratamento para a pequena na Itália, mas o problema persistiu. A solução foi desenvolver a habilidade da escrita e da pintura com a mão esquerda.

Seu pai faleceu quando a artista ainda era adolescente. Para complementar a renda da família, a mãe de Malfatti passou a fazer do seu hobby – ela era pintora – uma profissão: tornou-se professora de pintura. Certamente foi ali, através da influência da mãe, que Anita começou a desenvolver seu gosto pelas artes.

Com 13 anos e muitas questões existenciais, Anita Malfatti deitou-se em um trilho perto de sua casa e esperou o trem passar. 

Anos mais tarde, já adulta, comentou essa experiência de quase morte: “foi uma coisa horrível, indescritível […] E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi uma revelação: voltei para casa decidida a me dedicar à pintura”.

Antes de se tornar conhecida no Brasil, ela viajou à Europa para estudar arte, onde ficou de 1910 a 1917. Berlim, na Alemanha, e Nova Iorque, nos Estados Unidos, foram seus principais paradeiros artísticos. Foi ali que se aprofundou sobretudo na pintura expressionista.

Em 1917, de volta ao Brasil, Anita Malfatti prepara uma exposição solo com mais de 53 trabalhos: são gravuras, pinturas e aquarelas que despertam a curiosidade dos críticos e da imprensa. Com cores chamativas e pinceladas menos óbvias, as obras da artista destoam do trabalho artístico feito pela academia no período.

É uma crítica negativa de Monteiro Lobato, publicada no jornal O Estado de São Paulo, que dá ainda mais visibilidade à artista: para o escritor, Anita exercitava traços exóticos contaminados pelo que chamou de “extravagâncias de Picasso e seus amigos”. Aqui começa a se desenhar o movimento modernista brasileiro.

Em 1922, participa da tumultuada e icônica Semana de Arte Moderna junto de nomes como Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. Em 1923, Malfatti vai para Paris dar sequência aos seus estudos e lá permanece até o ano de 1928, quando retorna ao Brasil para ministrar aulas de pintura e desenho.

Aos poucos, a artista vai se afastando dos princípios modernistas e passa a pintar destacando as características da cultura popular brasileira. No dia 06 de novembro de 1964, na cidade de São Paulo, Anita Malfatti faleceu – menos de um mês antes de completar 75 anos de vida.

Anita Malfatti - A Boba
A Boba, Anita Malfatti (1916)

A arte de Anita Malfatti: principais influências artísticas

Se olhar uma pintura de Anita Malfatti de perto ainda hoje causa impacto, imagina durante a década de 20. E não é para menos: ao estudar no exterior ela teve contato com grandes influências artísticas modernistas, como o expressionismo e o fauvismo

E é desses movimentos progressistas que surgiram as principais características estéticas das obras da artista: cores fortes, uma pincelada muito mais livre, um trabalho de luz experimental menos focado na técnica de contraste entre o claro e o escuro e figuras com contornos menos nítidos e definidos.

Principais obras da artista Anita Malfatti

Será que você já viu por aí alguma obra dessa grande pintora modernista? Abaixo, apresentamos alguns dos principais trabalhos de Anita Malfatti!

A Boba (1916)

Com claros elementos cubistas e futuristas, A Boba traz em sua composição uma mulher – assimétrica – sentada em uma cadeira de estofamento vermelho e azul. De roupa amarela, ela porta um olhar perdido, como se não quisesse encarar o espectador. 

O destaque da pintura vai para as pinceladas rápidas e para a composição das cores vivas, que contrastam com as linhas negras que delimitam os elementos da cena. 

O Homem Amarelo (1917)

Uma das pinturas mais conhecidas de Anita, O Homem Amarelo participou tanto de sua exposição individual de 1917 como da Semana de Arte de 22. Segundo a própria Anita, a pintura retrata um imigrante italiano desconhecido que pediu à artista que ela o retratasse.

Com uma expressão de melancolia e abandono social, o homem tem um olhar vago e distante. Vestido com um paletó desgastado e mal ajustado, ele parece desajeitado no próprio corpo. Para enfatizar seu desconforto, Anita Malfatti desenha suas formas de modo que elas ultrapassem os limites da tela.

Tropical (1917)

Inicialmente intitulada “Negra Baiana”, a tela Tropical foi revolucionária à sua maneira. Retratando uma trabalhadora negra rodeada por elementos tipicamente brasileiros, a pintura parecia questionar o contexto social do período, extremamente branco e elitista.

Apesar dos objetos e do cenário serem de temática naturalista, o mesmo não acontece com as cores e os traços: fortes, desproporcionais, anti acadêmicos. Malfatti celebra o realismo e o nacionalismo sem cair na armadilha da pintura clássica.

Tropical, 1917 - Anita Malfatti
Tropical, Anita Malfatti (1917)

Anita Malfatti e a Semana de Arte de 22

Um dos nomes centrais do movimento modernista brasileiro, Anita Malfatti ajudou a encabeçar a famosa Semana de 22. Junto de outros artistas como Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, a pintora expôs 20 telas carregadas de conceitos expressionistas.

Realizada com o intuito de propagar ideias baseadas nas vanguardas europeias, a Semana de Arte Moderna buscou apresentar para o público artistas e trabalhos que prezassem por uma arte mais livre, brasileira e autoral – menos presa às regras da academia artística e dos seus estudos clássicos.

Brasileira, artista e moderna: Anita Malfatti fez história

Apesar de ser considerada um dos maiores ícones do modernismo brasileiro, Anita Malfatti não restringiu sua arte a um só estilo ou experimentação. Depois da década de 20 e toda a sua inovação, a artista passou – pouco a pouco – a procurar por sua voz própria, autoral e original, mas sempre moldada por aspectos modernistas.

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